História da Harpa Cristã

 

Primeiro Hinário em Português no Brasil

A primeira coletânea de hinos evangélicos em língua portuguesa organizada no Brasil foi o hinário Salmos e Hinos, em 1861. Foi elaborado pelo casal Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, fundadores da Igreja Evangélica Fluminense (1855), a primeira igreja evangélica em língua portuguesa no Brasil. O hinário contava com 50 músicas, sendo 18 salmos e 32 hinos. Inclusive, foi usado como primeiro hinário por diversas denominações. 

A segunda edição foi publicada em 1865 e continha 25 salmos e 58 hinos. Edições posteriores contaram com a colaboração do Dr. João Gomes da Rocha, filho adotivo do casal Kalley. Além de acrescentar composições novas, a partir de 1899, o Dr. Rocha começou a inserir índices minuciosos e também antífonas e cantochões, elevando o hinário ao nível das melhores e mais completas coleções de hinos evangélicos do mundo.

Os primeiros hinos evangélicos em língua portuguesa eram versões de hinos já conhecidos popularmente em língua inglesa. Dá-se o nome de “versão” porque a tradução literal das letras, muitas vezes, faz perder o sentido e dificulta a harmonia poética dos versos. Por isso, o versionista precisa encaixar palavras para não perder o sentido e manter a beleza poética, além da harmonia musical. Como o enfoque de nosso estudo está direcionado para a teologia pentecostal, apresentaremos a seguir a relação dos principais versionistas desse período que tiveram canções inseridas no Salmos e Hinos e que depois foram inseridas na Harpa Cristã de 1941:

a) Robert Reid Kalley (1809–1888) foi, juntamente com a sua esposa, Sarah Poulton Kalley (1825–1907), o pioneiro da hinologia evangélica no Brasil. Prepararam, para uso do trabalho que estabeleceram em terra brasileira, a coleção Salmos e Hinos. A sua estrutura, riqueza e qualidade de conteúdo revelam a capacidade artística e a consagração religiosa dos seus organizadores. Com o tempo, a coletânea ampliou-se e foi enriquecida de novas produções, só que a contribuição do casal Kalley permanece em relevo, constituindo verdadeiro monumento hinológico. Na Harpa Cristã, constam como de autoria de Robert Kalley os hinos “Cristo! Meu Cristo” (HC 190), “Benigno Salvador” (HC 192) e “A decisão” (HC 201).

b) Henry Maxwell Wright (1849–1931), cujo nome acha-se intimamente ligado à hinologia luso-brasileira, foi evangelista por conta própria, havendo trabalhado em Portugal e no Brasil. Filho de pais ingleses evangélicos, naturalizou-se inglês. Dedicava-se ao comércio, tendo viajado para Londres com essa finalidade. Ali se converteu, dedicando-se por algum tempo, em uma escola noturna, ao ensino de garotos das ruas londrinas e, também, à pregação ao ar livre e nos albergues noturnos. Beneficiou-se espiritualmente da campanha revivalista que Moody empreendeu nas Ilhas Britânicas no período de 1874 1875, à qual emprestou a sua colaboração. Abandonou, então, o comércio e, por três anos, consagrou a sua vida à evangelização na Inglaterra e Escócia. Regressou a Portugal em 1878 com o firme propósito de ir fazer missões na China. Deus, porém, determinou-lhe como campo de atividade os países de língua portuguesa. Era uma figura respeitável: estatura elevada, voz cheia e harmoniosa, maneiras afáveis, além de uma poderosa unção. Escreveu um total de 151 hinos e 42 coros, na sua grande maioria (76 hinos e 27 coros) insertos no hinário Salmos e Hinos. Pregador convincente, Wright lia os hinos antes de cantá-los muito expressivamente, ressaltando o conteúdo do texto e tomando-o como tópico para o sermão. Na Harpa Cristã, constam 45 hinos de autoria ou versões atribuídas a ele.


c) Luiz Vieira Ferreira (1835–1908), engenheiro militar, nasceu em 1835 em São Luís-MA, onde fez os seus estudos preparatórios. Cursou Matemáticas na Escola Central da Corte, e as suas aplicações à guerra, na Escola Militar. Poeta inspirado e autor de vários hinos evangélicos. Na Harpa Cristã, consta como sendo da sua versão o hino “Lugar de delícias” (HC 202) e da sua autoria o hino “Mui perto está o dia” (HC 335).

d) Robert Hawkey Moreton
(1844–1917) foi um missionário argentino que organizou a Igreja Evangélica Metodista do Porto, em Portugal. Pregou em várias províncias e traduziu várias obras para a língua portuguesa, além de trabalhar na revisão de mapas bíblicos. Escreveu numerosos cantos dos quais 36 estão nos Salmos e Hinos. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “O Bondoso Amigo” (HC 200).

e) James Theodore Houston (1847–1929) foi um missionário presbiteriano do Board de Nova York, tendo chegado à Bahia em 1874. Permaneceu lá até 1877, quando se transferiu para o Rio de Janeiro, onde exerceu o pastorado. Estendeu a sua atuação a Ubatuba-SP, Cruzeiro-SP e outros lugares. Colaborou com a hinologia evangélica do Brasil com a organização de hinários. A coleção Salmos e Hinos inclui 17 cânticos da sua autoria. Na Harpa Cristã, tem autoria atribuída ao seu nome o hino “Vem, Celeste Redentor” (HC 181).


f) Justus Henry Nelson (1850–1937) foi um missionário americano da Igreja Metodista Episcopal que chegou ao Brasil em 1880 em Belém-PA. Posteriormente, desligou-se da sua missão e trabalhou independentemente a maior parte do tempo em que esteve no Brasil. A implantação de igrejas, educação, trabalho social e hinologia são apenas algumas áreas em que Justus Nelson desenvolvia o seu trabalho. A sua contribuição para a hinódia evangélica é inegável. Além de traduzir diversos hinos, ele mesmo produziu vários textos e melodias. Sete das suas produções encontram-se no Salmos e Hinos. Foi a ele que Gunnar Vingren e Daniel Berg foram apresentados quando chegaram a Belém-PA. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “Saudai Jesus” (HC 42) e, possivelmente, da sua autoria os hinos “O exilado” (HC 36), “Nívea luz” (HC 91) e “Jesus, o bom amigo” (HC 198).

g) João Gomes da Rocha (1861–1947) é o filho adotivo do casal Robert R. Kalley e Sarah P. Kalley. Foi médico e missionário no Brasil, Madagascar e outros locais da África. Estudou música na Escócia, cooperou ativamente com Sarah após o falecimento do seu esposo no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos. Depois da morte de Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições do hinário até 1919, quando dotou de valiosos índices a quarta edição com música. Rocha também produziu numerosos hinos entre traduções, adaptações e trabalhos originais. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “Mais perto, meu Deus, de Ti!” (HC 187).


h) Alfredo Henrique da Silva (1872–1950) foi o pastor que sucedeu Robert Hawkey Moreton no pastorado da Igreja Evangélica Metodista do Porto. Foi professor e vereador na cidade do Porto. Exerceu a superintendência da Obra Metodista Portuguesa. Por várias vezes, representou oficialmente o seu país no estrangeiro, inclusive vindo ao Brasil em visita oficial chefiando a delegação portuguesa em 1922. Autor de numerosos cantos sacros, na Harpa Cristã consta como da sua autoria o hino “Invocação e louvor” (HC 185).


i) Antônio Almeida (1879–?) foi pastor da Igreja Presbiteriana e lecionou no Seminário Presbiteriano do Norte por 27 anos. Por algum tempo, exerceu o cargo de secretário do Consulado Americano. Almeida foi autor de vários livros e cerca de 200 hinos entre composições, traduções e adaptações. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “A mensagem da cruz” (HC 291) e da sua autoria o hino “Cristo pensa em mim” (HC 524).






j) José Calazans (?–?). Pouco se sabe sobre ele, mas, segundo a historiadora Henriqueta Rosa Fernandes Braga, ele exerceu atividades musicais em Recife PE no início do século XX e teve contato com o missionário batista W. C. Taylor. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “Crentes, cantai” (HC 436)

FERREIRA, Roberto. (Ed.). Teologia Pentecostal da Harpa Cristã – A Contribuição do Hinário na Formação da Doutrina Pentecostal em Nosso País. Rio de Janeiro: CPAD, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2022

O início da Harpa Cristã

Visto a necessidade de explicitar as doutrinas pentecostais por meio dos cantos, começou-se um empreendimento para elaborar uma hinódia pentecostal. O primeiro trabalho realizado nessa direção foi por iniciativa dos próprios missionários suecos em Belém-PA, quando, em 1917, foi elaborada a primeira coletânea com 194 hinos (VINGREN, 2000, p. 137). Não há como saber quais eram esses hinos; contudo, como o Salmos e Hinos foi o primeiro hinário usado, é possível que alguns desses 194 hinos pudessem ser oriundos do Salmos e Hinos. 
Em 1921, sob a coordenação de Almeida Sobrinho, foi lançado o Cantor Pentecostal, contendo 44 hinos e 10 corinhos. 
Em 1922, foi lançada a primeira edição da Harpa Cristã, contendo 100 hinos.
Analisando os fatos até aqui, dá a entender que, a princípio, essa empreitada foi uma iniciativa individual de certas pessoas, e não um empreendimento institucional da Assembleia de Deus do Brasil. Até porque seria um anacronismo afirmar que houve uma cooperação envolvendo as Assembleias de Deus de todo o Brasil antes de 1930. É possível que a elaboração da Harpa Cristã como empreendimento institucional somente tenha ocorrido a partir da terceira edição, em 1932. Observe o relato de Samuel Nyström:
O nosso hinário “Harpa Cristã” já teve cinco edições desde 1920. A primeira edição foi de 1 mil exemplares com cem hinos, a segunda, de 3 mil exemplares com 300 hinos. Estas duas edições foram feitas pelo evangelista Adriano Nobre. Depois eu mesmo publiquei a terceira edição, que foi com 400 hinos e 5 mil exemplares. A quarta edição foi de 10 mil exemplares com 458 hinos e a quinta, com 512 hinos, foi de 8 mil exemplares. Da quarta edição foram publicados mais 4 mil exemplares”. (VINGREN, 2008, p. 126)

Nessa época, já havia ocorrido a Convenção de 1930, e Samuel Nyström já assumira a presidência da Assembleia de Deus em São Cristóvão, na antiga capital federal, e começava a desenvolver uma liderança nacional (MORAES, 2011, pp. 302 e 305). Entretanto, a grande empreitada em relação à Harpa Cristã aconteceu em 1937, quando, na Assembleia Geral da CGADB reunida em São Paulo, foi designada uma comissão para editar e imprimir a primeira Harpa Cristã com letra e música. 
Foram nomeados para a referida comissão: Emílio Conde, Samuel Nyström, Paulo Leivas Macalão, Jahn Sörheim e Nils Kastberg. Em 1941, ficou pronta a Harpa Cristã, “corrigida e ampliada” por Paulo Leivas Macalão, com 524 hinos e música impressa. Na edição comemorativa de 90 anos da Harpa Cristã, consta este relato:
A revisão dos primeiros hinos foi feita pelo missionário e músico norueguês Jahn Sörheim. O jornalista e escritor Emílio Conde auxiliou na correção de alguns hinos. Professor Antônio F. Farias fez a harmonização de algumas músicas. Em seu prefácio, Pastor Paulo Leivas Macalão agradeceu a Deus pelo auxílio nos anos de árduo trabalho com “lutas e angústias, quando, sozinho, tinha que resolver sobre a escolha, correção de hinos e a colocação das letras em suas respectivas músicas”. (HARPA CRISTÃ 90 ANOS EDIÇÃO COMEMORATIVA, 2011)

A edição de 1941 tornou-se a mais popular entre as Assembleias de Deus e permaneceu por mais de 50 anos como o hinário oficial de todas as Assembleias de Deus no Brasil. Somente em 1979 é que foi proposto um trabalho de revisão da hinódia, conforme relata Isael de Araujo:
Em 1979, mediante proposta apresentada pelo Pastor Adilson Soares da Fonseca, o Conselho Administrativo da CPAD, cumprindo resolução da Assembleia Geral da CGADB, reunida em Porto Alegre (RS) naquele ano, convocou uma comissão para proceder a uma revisão geral da música e da letra da Harpa Cristã. A comissão era formada pelos seguintes pastores: Paulo Leivas Macalão, Túlio Barros Ferreira, Nicodemos José Loureiro, Antonio Gilberto e João Pereira. Nesta empreitada, também tomou parte ativa o pastor e consagrado poeta Joanyr de Oliveira. Em termos técnicos, os trabalhos contaram com dois obreiros especializados: João Pereira, na correção e adaptação da música, e Gustavo Kessler, na revisão das letras. (MORAES, 2001, p. 342)

O trabalho de revisão começou efetivamente em 1984 e foi concluído em 1992, dando origem à Nova Harpa Cristã. Não houve, no entanto, uma boa aceitação desta em virtude de ter sido trocada a sequência numérica a que a igreja estava acostumada. 
Com isso, em 1996, foi lançada a Harpa Cristã com 640 hinos (636 hinos com mais 4 hinos pátrios) seguindo a sequência numérica tradicional (até 524) sendo acrescida de mais 116 hinos. Nesse acréscimo, foram incluídos hinos clássicos,² coros,³ novas composições⁴ e outros hinos litúrgicos.⁵ Contudo, esses 116 hinos não serão alvo de nossa análise porque não contemplam a teologia pentecostal clássica, e, a partir daqui, concentrar-nos-emos nos 524 hinos da Harpa Cristã “corrigida e ampliada” por Paulo Leivas Macalão, de 1941.
A Harpa Cristã é uma coletânea de hinos pertencentes a vários hinários pentecostais ou não pentecostais. Ela reuniu composições/versões de diversos autores e versionistas pentecostais e não pentecostais, tanto brasileiros quanto estrangeiros. 
Ocorreu, principalmente, a tradução de várias letras da hinódia escandinava (MORAES, 2011, p. 497) e hinos cristãos consagrados em língua inglesa. Os missionários suecos traduziram literalmente as letras dos hinos do idioma sueco para o idioma português, e coube ao pastor Paulo Leivas Macalão (que também era músico) a elaboração das versões, adequando as palavras sem perderem o sentido, bem como ajustando a melodia (MORAES, 2001, pp. 341, 342).

Segue abaixo a relação dos autores e versionistas pentecostais brasileiros que tiveram as suas canções inseridas na Harpa Cristã de 1941:

a) A. Teixeira da Silva (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Ó cristão, eia avante” (HC 11). Supõe-se que seja pentecostal, porém não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.

b) Adriano Nobre
(1883–1938) foi filho de seringalistas paraenses, nascido em Pacatuba-CE. Era comandante de navio da Companhia “Port of Pará”. Oriundo da Igreja Presbiteriana, Nobre atuou como evangelista, pastor e pioneiro das Assembleias de Deus no Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte, sendo o quinto brasileiro ordenado ao ministério pastoral nas Assembleias de Deus. Nobre editou a primeira edição da Harpa Cristã publicada em 1922 em Recife PE. Na Harpa Cristã, constam como sendo da sua autoria os hinos “Saudosa lembrança” (HC 2), “Plena paz” (HC 3), “Eu Te louvo” (HC 10) e “Meu Pastor” (HC 413).
c) Almeida Sobrinho
(1875–?). José Manoel Cavalcante de Almeida Sobrinho, mais conhecido por Almeida Sobrinho, nasceu na cidade de Recife-PE. Cursou apenas o ensino fundamental, tendo-se tornado um autodidata, condição que lhe permitiu aprender o idioma inglês. Mais tarde, tornou-se membro da Igreja Batista, desenvolvendo os seus estudos teológicos na Escola Teológica de Zacarias Taylor, na Bahia. Posteriormente, a convite do missionário batista Eurico Nelson, fundador da Igreja Batista de Belém-PA, assumiu o pastorado dessa igreja em 1898. Houve, no entanto, considerável divergência no seio da igreja em razão, possivelmente, da insegurança de Almeida Sobrinho nas suas decisões, o que causou insatisfação nos crentes, culminando com a sua saída acompanhado de 16 outros membros.
No começo do ano de 1900, Almeida Sobrinho e os crentes que o acompanharam fundaram uma nova denominação, a Igreja Cristã Evangélica, que dissolveu posteriormente. Entre idas e vindas, pastoreou outras Igrejas Batistas. Acabou transferindo-se para a Assembleia de Deus em Belém-PA, havendo ainda dúvidas de quando isso ocorreu, sendo certo que foi entre 1914 e 1916, permanecendo assembleiano até 1924.
Três fatos marcaram a sua presença nas Assembleias de Deus: o primeiro foi a sua participação com João Trigueiro no lançamento da primeira publicação pentecostal do Brasil, o jornal Voz da Verdade; o segundo foi o seu trabalho como editor do hinário Cantor Pentecostal em Belém-PA, em 1921; e o terceiro foi a sua participação na Escola Bíblica das Assembleias de Deus, realizada na Assembleia de Deus de Belém-PA no período de 4 de março a 4 de abril de 1922.
A sua colaboração na Harpa Cristã foi extremamente valiosa, e, na edição de 1941, constam seis hinos da sua autoria (HC 12, 18, 102, 103, 174 e 521) e catorze hinos da sua versão (HC 24, 98, 129, 188, 225, 232, 240, 300, 358, 372, 423, 463, 482 e 509). As informações sobre ele após 1924 são desconhecidas.
d) Angelina Eulina (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “O festim de glória” (HC 457). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
e) Augusto C. Barbosa (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “A doce e preciosa voz” (HC 520). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
f) Antônio Alves dos Santos (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Quero ver a Jesus Cristo” (HC 500). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
g) Antônio Cabral (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Sob as asas de Deus” (HC 369). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
h) Antônio G. de Figueiredo (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Doxologia” (HC 487). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.

i) Antônio Torres Galvão
(1905–1954). Nascido em Goianinha-RN, foi levado a Cristo pelo pastor Amaro Celestino, que estava acompanhando o missionário Joel Carlson em visita a Natal-RN.
Pregador, pastor, político, ex-líder sindical, articulista, compositor e escritor, Galvão tem destacada história nas Assembleias de Deus não somente pela militância da fé, mas também por conta da sua liderança no Sindicato de Fiação e Tecelagem em Paulista-PE, que representava os funcionários de quatro fábricas pertencentes às Casas Pernambucanas.
Autodidata, Galvão trabalhou como juiz do trabalho e intérprete de funcionários estrangeiros que trabalhavam em Pernambuco. Conseguiu reconhecimento e representação para eleger-se deputado estadual em 1946, sendo reeleito em 1950 com a maior votação para o cargo em Pernambucano.
Com a morte do governador Agamenon Magalhães, sendo já presidente da Assembleia Legislativa, assume o governo num mandato de 110 dias até a posse do novo chefe do executivo estadual. Na Harpa Cristã de 1941, constam dois hinos da sua autoria (HC 90 e 309) e uma versão (HC 370).
Faleceu em 1954 vítima de um infarto, poucos meses antes de concluir o seu mandato. Galvão planejava lançar-se candidato a prefeito de Paulista-PE, sendo já cotado como favorito.



j) Domingos Lins (?–?) tem o seu nome atribuído à autoria de seis hinos (HC 150, 312, 356, 425, 475 e 479). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
k) Emílio Conde (1901–1971), reconhecido como “o apóstolo da imprensa pentecostal brasileira”, foi jornalista, escritor, historiador, compositor e músico.
Na capital paulista, conheceu a Congregação Cristã do Brasil e converteu-se em 1919, sendo, em seguida, batizado no Espírito Santo. Em 1923, conheceu Gunnar Vingren, quando este pregou na Congregação Cristã.
Quando se mudou para o Rio de Janeiro, Conde passou a frequentar a Assembleia de Deus em São Cristóvão, pastoreada na época pelo missionário Samuel Nyström, tornando-se membro logo em seguida. Pelo seu profundo conhecimento autodidata, foi convidado pelo missionário Nils Kastberg, em 1937, para ajudar na nascente imprensa da Assembleia de Deus como redator do jornal Mensageiro da Paz. Desse momento em diante, tornou-se colaborador até ser admitido oficialmente como funcionário da CPAD em 1940.
De 1946 a 1958, representou oficialmente as Assembleias de Deus do Brasil nas Conferências Mundiais Pentecostais em Estocolmo, Londres e Toronto. Durante muitos anos, também representou a denominação na Diretoria e em Comissões da Sociedade Bíblica do Brasil. Mesmo não sendo pastor, foi eleito secretário das Convenções da CGADB em 1932 e 1933, tendo participado ativamente de debates e comissões em várias convenções das décadas de 1930 a 1950. Na Convenção Geral de 1968, por motivo de doença, Emílio Conde renunciou ao cargo de diretor do Mensageiro da Paz.
No início de 1971, doente e com complicações pós-operatórias, foi internado no Hospital Evangélico, na Tijuca, e faleceu no dia 5 de janeiro de 1971. Emílio Conde compôs oito hinos da Harpa Cristã e traduziu outros catorze.
l) Francisca F. Menezes (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Jesus Cristo, bem amado” (HC 412). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
m) Francisco Nogueira de Queiroz (1891–1983) nasceu na cidade de Nova Morada-CE e foi evangelista. Escreveu vários hinos no seu ministério; no entanto, apenas um deles foi inserido na Harpa Cristã: “Jesus Ressuscitado” (HC 339).
n) Francisco Pereira do Nascimento (1904–1968), nascido em Santa Isabel-PA, converteu-se ao evangelho em 1929 na cidade de Belém-PA e cedo começou a destacar-se nas pregações. Certo dia, o missionário Nels Nelson, ao vê-lo pregar, ficou admirado e pediu que o procurasse no templo central em Belém-PA.
Sapateiro de profissão, Nascimento não possuía muito estudo formal; porém, assim como muitos obreiros da sua época, tornou-se autodidata e aprofundou-se nos conhecimentos bíblicos. Trabalhou como evangelista no interior do Pará e Maranhão. Percorria a pé grandes distâncias e cuidou de várias igrejas. Ordenado ao ministério em 1934, continuou a sua carreira pastoreando igrejas no interior do Pará e outras de maior destaque, como, por exemplo, as Assembleias de Deus em São Luís-MA, Manaus-AM e Belém-PA.
Em 1953, 1955 e 1959 foi presidente da CGADB e, em 1960, assumiu a Assembleia de Deus em São Cristóvão-RJ a convite do missionário Nels Nelson. Com a saúde precária, foi jubilado em 1964, sendo substituído pelo pastor Túlio Barros Ferreira. Na Harpa Cristã, consta como sendo da sua autoria o hino “Vamos todos trabalhar” (HC 376).
o) Guido W. de Oliveira (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Nós somos teus” (HC 411). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
p) João Pereira de Queiroz (1887–1982) nasceu na cidade de Pau dos Ferros-RN e foi considerado o “apóstolo do Baixo Amazonas”. Aceitou a Jesus como o seu Salvador em 1917 em Arajás-PA e foi batizado no Espírito Santo nesse mesmo ano. Logo depois de ter sido batizado nas águas e com o Espírito Santo, tornou se um pregador do evangelho. A sua ordenação ao pastorado foi em 1919 pelo missionário Gunnar Vingren na cidade de Timboteua-PA.
Partiu para o Baixo Amazonas e iniciou o trabalho do Senhor em Óbidos-PA. Estando lá, trabalhando por algum tempo, o Senhor em um sonho mostrou-lhe uma estrada e várias árvores, onde estavam fixadas várias letras, que, ao serem agrupadas, formavam o nome Santarém. Ele entendeu, então, que o Senhor estava enviando-o à referida cidade e, depois de conhecê-la, transferiu-se com a sua família em 1928, tendo sido o primeiro pastor da Assembleia de Deus em Santarém-PA.
O reconhecimento do seu trabalho fez o missionário Nels Nelson entregar-lhe o pastorado da Assembleia de Deus em Belém-PA nos anos de 1941 e 1942, quando esteve de férias. De 1946 a 1949, foi pastor em Manaus-AM e depois voltou para Santarém-PA, onde ficou até 1955, quando se transferiu para Abaetetuba-PA. Aos 70 anos, retornou para a região da Estrada de Ferro Belém Bragança e foi pastorear o campo de Santa Izabel-PA, nele ficando até 1966.
Em 1968, aos 81 anos, foi jubilado. Na Harpa Cristã, consta como sendo da sua autoria o hino “Olhando para o Calvário” (HC 382). 
q) José Bezerra Cavalcante (?–1939).
De origem presbiteriana, provavelmente recebeu o batismo no Espírito Santo em 1919 e foi consagrado em 1926 pelos missionários Samuel Nyström e Nels Nelson. A pedido dos crentes do Piauí, Cavalcante foi escolhido pela Convenção do Pará para ir à Teresina-PI fundar a Assembleia de Deus em 1936. Na Harpa Cristã, consta como sendo sua versão o hino “Ceia do Senhor” (HC 22).
r) José Felinto (?–1930) foi evangelista, pastor e pioneiro das Assembleias de Deus no Pará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Felinto participou da primeira Convenção Geral realizada em Natal-RN em 1930 e veio a falecer nesse período. Na Harpa Cristã, consta como sendo sua versão o hino “Ouve, ó pecador” (HC 95).
r) José Rodrigues (?–?⁷). Um fato peculiar que contam sobre ele é que nunca se casou e, segundo afirmam, nem sequer teve namorada. A data do seu nascimento e falecimento é desconhecida, contudo é certo que já tenha falecido. Na Harpa Cristã, constam dois hinos como sendo sua versão (HC 1 e 96), e ele tem o seu nome atribuído à autoria de três hinos (HC 5, 8 e 84).
s) José Teixeira de Lima (?–?). Apesar de existirem 23 composições e/ou versões atribuídas ao seu nome, não foram encontrados registros sobre a sua biografia até o momento. A única informação obtida é que ele era pentecostal assembleiano.
t) Julião Pereira da Silva (1874–1938) converteu-se ao evangelho em 1920 na Assembleia de Deus em Belém-PA e era sargento músico da brigada militar da polícia. Durante muito tempo, lutou contra uma enfermidade na garganta, mas Deus curou-o. Em 1922, foi separado diácono e, em 1924, foi ordenado pastor. Trabalhou na Região Norte, principalmente em Belém-PA, e dirigiu a Assembleia de Deus em Fortaleza-CE por dois anos (1931 e 1932). Como músico, formou o primeiro coral da Assembleia de Deus em Belém-PA, que contava com dezessete componentes e cantou pela primeira vez em 1925. Teve participação fundamental para a formação da terceira edição da Harpa Cristã, em 1932. Na edição de 1941, consta como sendo da sua autoria o hino “Minha alma te quer” (HC 513).
u) Manoel Sabino Bezerra (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “Sublime e grande amor” (HC 89). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
v) Maria Antônia Nobre (?–?). O único dado encontrado sobre ela é que foi esposa de Adriano Nobre, com quem teve quatro filhos. Constam como sendo da sua autoria os hinos “Servir a Jesus” (HC 147) e “Peregrinos somos” (HC 392). w) Paulo Leivas Macalão (1903–1982) foi evangelista, músico, compositor, pastor, fundador da Assembleia de Deus do Ministério de Madureira e antigo líder da CGADB.
Nascido em Santana do Livramento-RS, migrou cedo para a cidade do Rio de Janeiro com a sua família em virtude de o seu pai ser Oficial do Exército. Em 1924, converteu-se ao evangelho quando teve contato com crentes pentecostais que vieram do norte do Brasil. Mesmo a contragosto do seu pai, ele permaneceu assíduo aos trabalhos realizados na chamada “Igreja do Orfanato”, situada na rua São Luiz Gonzaga, no 12, São Cristóvão-RJ.
Nesse mesmo ano, os crentes que se reuniam na casa da família Brito resolveram organizar a primeira Assembleia de Deus no Rio de Janeiro (a então capital federal) e, de comum acordo, elegeram Heráclito Menezes como pastor, João Nascimento como diácono e Paulo Leivas Macalão como secretário.
Naquele tempo, o “irmão Paulo” já andava de casa em casa arrebanhando crentes e descrentes. Ele andava vestido da roupa do Colégio Militar e tinha uma pregação muito contundente e rigorosa com voz muito alta, fato este que lhe acarretava algumas restrições por parte de alguns que alegavam que ele “espantava os irmãos”.
Ainda em 1924, o missionário Gunnar Vingren veio com a sua família ao Rio de Janeiro para assumir o pastorado da recém-criada Assembleia de Deus em São Cristóvão-RJ. Ele realizou o primeiro batismo da igreja nas águas da praia do Caju e, entre os batizados, estava o irmão Paulo. Não demorou muito para o jovem Paulo receber o batismo no Espírito Santo; a partir dessa experiência, decidiu que não seguiria a carreira militar e que daria dedicação plena à pregação do evangelho. Macalão realizou o primeiro culto ao ar livre no Campo de Santana, evangelizou o subúrbio e pregou nas cidades de Petrópolis-RJ e Niterói-RJ. Com o seu violino, despertava a atenção das pessoas atraindo-as com a mensagem dos hinos e das pregações. A força com que pregava e a convicção com que dirigia os seus ataques violentos contra o pecado vieram a ser motivo de censura para alguns.
Em 1926, censurado e incompreendido, decidiu pregar exclusivamente nos subúrbios, tornando-se pioneiro na evangelização de Realengo, Bangu, Parada de Lucas, Santa Cruz e Campo Grande. Em 1930, após seis anos de trabalho ininterrupto, o missionário Gunnar Vingren, aproveitando a vinda do pastor Lewi Pethrus ao Brasil, consagrou Paulo Leivas Macalão ao ministério pastoral.
Bangu foi a localidade escolhida por ele para iniciar as suas atividades como ministro, e ali Macalão inaugurou o primeiro templo da Assembleia de Deus na cidade do Rio de Janeiro — isso já em 1933.
Em 1934, na Assembleia de Deus em Bangu-RJ, foi realizado o casamento de Paulo Macalão com Zélia Brito pelo missionário Samuel Nyström. Nesse mesmo ano, a sede foi transferida de Bangu para Madureira, e, a partir de lá, a obra expandiu para o interior do Rio de Janeiro e outros Estados como: Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal.
Em 1948, foi lançada a pedra fundamental do atual templo da Assembleia de Deus em Madureira-RJ, e este templo foi inaugurado em 1953. Em 1958, o pastor Paulo Leivas Macalão foi eleito o pastor geral do Ministério de Madureira e igrejas filiadas.
Santo por meio de Bernhard Johnson e Virgil F. Smith, Boyer começou a buscar essa bênção. Ele voltou aos Estados Unidos e, em 1935, teve a experiência pentecostal. Em 1936, retomou o trabalho no nordeste e, em 1941, foi para Santa Catarina, onde foi um desbravador. A partir de 1945, dedicou-se à produção literária. Na Harpa Cristã, é autor do hino “Que maravilha!” (HC 466). d) Mark E. Carver (?–?) é de origem estadunidense e chegou ao Brasil como missionário da Missão Metodista Episcopal do Norte dos Estados Unidos. Posteriormente, desligou-se dessa Missão Na CGADB, a participação dele é registrada em 1933; contudo, é bem provável que ele tenha estado presente na Convenção de 1931 presidida por Gunnar Vingren. O seu nome consta como sendo um dos fundadores da CGADB, quando esta ganhou personalidade jurídica em 1946. Uma das grandes obras que marcaram a sua vida foi, sem dúvida, a elaboração da Harpa Cristã de 1941. Ele traduziu hinos do francês, inglês, espanhol, italiano e sueco. Foram dois anos de trabalho, e a sua esposa, Zélia, cantava para ele poder acertar as letras. Macalão traduziu oito hinos de um hinário editado por ocasião do avivamento da Letônia, entre os quais se encontram os hinos “Um povo forte” (HC 340) e “Os dons do céu” (HC 349). Constam 54 hinos da sua autoria e 192 hinos de sua versão, totalizando 246 hinos com as suas iniciais (PLM).
x) Sebastião J. Nóbrega (?–?). Consta como sendo da sua autoria o hino “O nascimento de Jesus” (HC 366). Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
y) Severino Silva (?–?). Constam como sendo da sua autoria os hinos “O estandarte da verdade” (HC 162) e “Guia meus passos” (HC 458).
Supõe-se que seja pentecostal, mas não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra. 

Segue, ainda, a relação dos autores e versionistas pentecostais estrangeiros não escandinavos que tiveram canções inseridas na Harpa Cristã de 1941:

a) Ernesto Wootton⁸ (?–?), de nacionalidade inglesa, chegou ao Brasil no ano de 1909 e trabalhou em São Luís-MA lecionando inglês para ajudar no sustento. Conheceu uma aluna que, mais tarde, veio a tornar-se a sua esposa, Ana Correia de Araújo.
Traduziu várias porções da Bíblia e todo o Evangelho de João para a língua dos Guajajaras e compilou um hinário com mais de 100 hinos e coros para serem cantados pelo povo de Deus. Conta-se uma história que Ernesto Wootton muito desejou incluir dois dos seus hinos no Cantor Cristão, mas não conseguiu. Entretanto, conquistou a simpatia e admiração dos líderes da Assembleia de Deus no Brasil pela sua história. Na Harpa Cristã, teve incluídos dois hinos da sua autoria (HC 124 e 396) e mais seis versões (HC 112, 113, 130, 141, 148 e 519).
b) Bruno Skolimowsky (1884–1961) foi um imigrante vindo da Polônia que chegou a Belém-PA em 1909 em busca de trabalho. Em 1919, foi alcançado pela mensagem do evangelho e, mais tarde, foi consagrado a pastor. Skolimowsky pastoreou a Assembleia de Deus no Ceará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo e foi o fundador da Assembleia de Deus no Estado do Paraná. É autor dos hinos: “O povo de Deus na terra” (HC 455) e “Sede fortes” (HC 477).
c) Orlando Spencer Boyer (1893–1978) foi um missionário de origem estadunidense que dedicou a sua vida à evangelização no Brasil. Chegou em 1927 e atuou no nordeste brasileiro. Ao tomar conhecimento da realidade do batismo no Espírito Santo por meio de Bernhard Johnson e Virgil F. Smith, Boyer começou a buscar essa bênção. Ele voltou aos Estados Unidos e, em 1935, teve a experiência pentecostal. Em 1936, retomou o trabalho no nordeste e, em 1941, foi para Santa Catarina, onde foi um desbravador. A partir de 1945, dedicou-se à produção literária. Na Harpa Cristã, é autor do hino “Que maravilha!” (HC 466).
d) Mark E. Carver (?–?) é de origem estadunidense e chegou ao Brasil como missionário da Missão Metodista Episcopal do Norte dos Estados Unidos. Posteriormente, desligou-se dessa Missão e fundou a Missão Bethesda em Manaus. Carver fez a versão em português do hino “Firme nas promessas” (HC 107). Além de constar na Harpa Cristã, o referido hino também está inserido em outros hinários com diferentes versões.
e) J. Herbert Mellemberg é autor ou tradutor dos hinos “Ó vem já” (HC 446) e “Crentes, avançai” (HC 448). Ao que tudo indica, é estrangeiro, mas não foi possível identificar a sua nacionalidade, e não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.
f) J. F. Jamieson é autor ou tradutor do hino “Cantai, ó peregrinos” (HC 159). Ao que tudo indica, é estrangeiro, mas não foi possível identificar a sua nacionalidade e não foram encontrados dados sobre a sua vida e obra.

Segue, ainda, a relação dos hinos cujos autores e versionistas são desconhecidos (***):

a) Deus velará por ti (HC 4) – versão de um hino de origem estadunidense. No hinário Hinos e Cânticos, a versão é atribuída a Salomão Luiz Ginsburg.
b) Cristo cura sim (HC 7) – versão de um hino de origem britânica. No hinário Cantor Cristão,¹ a versão é atribuída a Salomão Luiz Ginsburg, que preferiu manter o sentido original (“Ele me susterá”); já o versista da Harpa Cristã preferiu fazer uma versão para enaltecer os dons de curar.
c) Marchai, soldados de Cristo (HC 9) – versão de um hino de origem estadunidense. Como se trata de um hino de militância, pode ter tido influência do Exército da Salvação.
d) Pensando em Jesus (HC 17) – não foi encontrado em outro hinário.
e) Rasgou-se o véu (HC 72) – não foi encontrado em outro hinário.
f) Satisfeito com Cristo (HC 86) – versão de um hino de origem estadunidense. No hinário Hinos e Cânticos, a versão é atribuída a Stuart Edmund McNair.
g) Revela a nós, Senhor (HC 88) – não foi encontrado em outro hinário.
h) Fala, Jesus querido (HC 151) – versão de um hino de origem estadunidense.
i) A ovelha perdida (HC 156) – versão de um hino de origem britânica. No hinário Hinos e Cânticos, a versão é atribuída a Stuart Edmund McNair.
j) Resgatados fomos (HC 266) – segundo Walter Brunelli,¹¹ trata-se de uma versão de um hino de origem estadunidense (mais precisamente do Movimento de Santidade) e que foi traduzida pelo pastor Paulo Leivas Macalão para uma edição extraordinária em 1939. Porém, na edição de 1941, está como autoria desconhecida.
k) Jesus, o melhor amigo (HC 324) – o hino 269 do hinário Hinos e Cânticos, de autoria atribuída a João Gomes da Rocha, tem certa similaridade com esse.
l) A fé dos santos (HC 330) – não foi encontrado em outro hinário.
m) O fim das lutas (HC 357) – versão de um hino de origem estadunidense.
n) Careço de Jesus (HC 421) – não foi encontrado em outro hinário.
o) Comunhão (HC 482) – versão de um hino de origem estadunidense.
p) Há poder no sangue de Jesus (HC 491) – versão de um hino de origem estadunidense.
q) Riqueza divinal (HC 510) – não foi encontrado em outro hinário.

FERREIRA, Roberto. (Ed.). Teologia Pentecostal da Harpa Cristã – A Contribuição do Hinário na Formação da Doutrina Pentecostal em Nosso País. Rio de Janeiro: CPAD, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2022

Origem dos cantos

Outra percepção ao analisar os hinos é que há uma probabilidade de que os próprios suecos também compuseram hinos inspirados nas suas experiências do campo missionário do Brasil. Observe esse exemplo no hino “As firmes promessas” (HC 459), de autoria de Samuel Nystöm: 

Se a febre arde, se extingue a vida E quer a morte te arrebatar, Nas Suas promessas terás guarida Bastante p’ra te abrigar. 

Na obra Despertamento Apostólico no Brasil, Samuel Nyström relatou: 

“Depois desta viagem, a febre da malária tomou conta de mim por dois meses. Não sobrava muito agora do antigo atleta e desportista” (VINGREN, 2008, p. 28). 

Observamos então que, provavelmente, alguns hinos não foram traduções, mas, sim, inspirados por experiências que eles tiveram no trabalho de evangelização no norte do Brasil. 

Segue a relação dos autores e versionistas pentecostais escandinavos que colaboraram com canções que foram inseridas na Harpa Cristã de 1941: 

a) Erik Jansson (1885–1971) foi um missionário sueco que foi enviado pela Missão de Örebro para o Brasil em 1912 com o intuito de fundar um trabalho missionário entre os colonos suecos em Guarani-RS; desse trabalho, surgiu a Igreja Batista Independente. Na Harpa Cristã, constam quatro hinos de autoria atribuída a ele: HC 81, 157, 387 e 467 — os três últimos foram em parceria com F. da Silva.¹² 
b) Eufrosine Kastberg (1900–1988) foi uma missionária sueca e esposa de Nils Kastberg. São da sua versão os seguintes hinos: HC 295, 297, 302, 305, 351 e 447. Todos eles, exceto o 351, são em parceria com Emílio Conde. 
c) Frida Vingren (1891–1940) foi uma missionária sueca, esposa de Gunnar Vingren, enfermeira, poetisa, compositora, musicista, redatora, pesquisadora, pregadora e ensinadora. Oriunda de uma família de crentes luteranos, formou-se em Enfermagem, chegando a ser chefe da enfermaria do hospital onde trabalhava. Tornou-se membro da Igreja Filadélfia de Estocolmo, onde foi batizada nas águas pelo pastor Lewi Pethrus em 1917 e, pouco depois, recebeu o batismo no Espírito Santo. Após essa experiência, sentiu o impulso para o movimento missionário e expressou ao pastor Lewi Pethrus a sua vocação. Frida ingressou no Instituto Bíblico Sueco em Götabro, na província de Närke. Em uma das visitas de Gunnar Vingren à Suécia, ele conheceu Frida, e ambos tornaram-se amigos. Os dois passaram um período em oração pedindo a confirmação de Deus sobre a vocação missionária de Frida e o casamento. Frida partiu para Nova York e lá se encontrou com Gunnar, e juntos vieram para o Brasil, chegando aqui em 1917. Em 16 de outubro de 1917, em Belém-PA, foi celebrado o casamento de Gunnar com Frida numa cerimônia presidida pelo missionário Samuel Nyström. O casal teve seis filhos: Ivar, Rubem, Margit, Astrid, Bertil e Gunvor (esta última faleceu no Rio de Janeiro em 1932). Ao iniciar a obra em 1918, muitas surpresas aguardavam o casal, pois Deus havia revelado em profecias que ambos passariam por muitas tribulações — e assim foi. Em 1920, a missionária Frida Vingren foi acometida de malária, sofrendo terríveis ataques de febre. Depois do seu restabelecimento, ela enfrentou o problema de saúde do marido. A partir do fim daquele ano, Gunnar Vingren começou a sofrer de esgotamento físico em consequência da dedicação exclusiva ao trabalho missionário e das vezes que contraiu malária. Por esse motivo, o casal decidiu passar um período na Suécia. O retorno ao Pará ocorreu em 1923, quando Frida contava 30 anos. Depois de muitos anos no Pará, a família Vingren decidiu ir para o Rio de Janeiro em 1924 e alugou uma casa no bairro de São Cristóvão-RJ. A missionária Frida Vingren dirigia cultos tanto no salão quanto ao ar livre; ela abriu frentes de trabalho em muitos lugares, liderou a obra social da igreja, bem como grupos de oração e de visitas em hospitais e presídios, além de ensinar na Escola Dominical. Frida foi colaboradora dos jornais Boa Semente, Som Alegre e Mensageiro da Paz — este substituiu os dois primeiros. Ela também escrevia e traduzia mensagens evangelísticas, doutrinárias e de exortação, além de ter sido comentarista das Lições Bíblicas. Frida também se dedicava à música; cantava, tocava órgão e violão. Depois de quinze anos dedicados no Brasil, a família Vingren decidiu retornar à Suécia em 1932. Na Harpa Cristã, trouxe uma contribuição bastante significativa, pois constam 23 hinos com as suas iniciais, sendo 16 versões e 7 da sua autoria. 
d) Gunnar Vingren (1879–1933) foi um missionário sueco, pastor e fundador das Assembleias de Deus no Brasil. Em 1903, viajou para os Estados Unidos e, posteriormente, ingressou no Seminário Teológico Batista em Chicago já em 1904. Em 1909, concluiu o Seminário, e Deus encheu-o de uma grande sede para buscar o batismo no Espírito Santo — e ele não tardou a receber. Os problemas começaram quando ele começou a pregar sobre a experiência do batismo no Espírito Santo na igreja em que pastoreava; a igreja foi dividida entre os que acreditavam e os que não acreditavam na sua pregação, e ele foi forçado a deixar essa igreja. Vingren frequentou várias igrejas pentecostais, entre elas estão: Missão da Avenida Norte de William H. Durham e a Igreja Pentecostal Sueca, que foi a primeira igreja pentecostal escandinava de Chicago. Em 1910, assumiu o pastorado da Igreja Batista Sueca em South Bend, Indiana, nos Estados Unidos, e esta recebeu com alegria as boas novas, tornando-se uma igreja pentecostal. A sua chamada para o Brasil deu-se numa reunião de oração onde foi revelado para um irmão chamado Adolf Uldine que Vingren serviria ao Senhor no “Pará”. Ainda em 1910, partiu, juntamente com Daniel Berg, do porto de Nova York com destino a Belém-PA. Desembarcaram em terras brasileiras e tiveram uma dificuldade inicial porque não falavam português. Conheceram um pastor metodista chamado Justus Henry Nelson, que, percebendo que eles eram batistas, os apresentou a Raimundo Nobre, que estava responsável pelos trabalhos da Igreja Batista em Belém-PA, e ficaram hospedados nessa igreja. Para aprenderem o idioma português, Daniel trabalhava numa fundição durante o dia enquanto Vingren estudava e, à noite, compartilhava o que tinha aprendido. Depois de seis meses, Vingren foi convidado para dirigir um culto de oração. Ele aproveitou a oportunidade para ensinar a realidade do batismo no Espírito Santo e da cura divina. Durante aquela semana, nas reuniões de oração nos lares, o Senhor curou a senhora Celina Albuquerque de uma doença incurável e, dias depois, batizou-a no Espírito Santo, sendo, então, a primeira pessoa a receber a promessa. Os que não creram na pregação de Vingren acusaram-no de ensinar heresias. Esse fato provocou uma divisão na igreja, resultando na expulsão dos missionários e na exclusão de 18 membros que os apoiaram. Então, em 18 de junho de 1911, fundaram a Missão da Fé Apostólica (o nome Assembleia de Deus somente foi adotado em 1918). Depois de cinco anos em terras brasileiras, Vingren foi à Suécia, onde, por três meses, pôde compartilhar as maravilhas que Deus operara no Brasil. Em 1917, pouco antes do seu regresso, ele encontrou-se com a enfermeira Frida Strandberg, que também tinha chamada missionária para o Brasil. Mais tarde, nesse mesmo ano, eles casaram-se em Belém-PA. Vingren pastoreou a Assembleia de Deus em Belém-PA por 14 anos e, em 1924, fundou a Assembleia de Deus de São Cristóvão, no Rio de Janeiro — a então capital federal. Permaneceu ali até 1932, quando voltou definitivamente para a Suécia em virtude de frequentes enfermidades. Vingren fundou os jornais Boa Semente, em 1919, em Belém-PA; o Som Alegre, em 1929, no Rio de Janeiro; e o Mensageiro da Paz, que é resultado da fusão dos dois primeiros jornais, em 1930. Viajou por todo o Brasil pregando o evangelho e, em 1930, convidou o pastor Lewi Pethrus para participar da primeira Convenção Geral em Natal. Em 1931, presidiu a segunda Convenção Geral realizada no Rio de Janeiro. Na Harpa Cristã, constam como sua versão os hinos “Sua graça me basta” (HC 79) e “Eis-me Jesus” (HC 478). 
e) Hedwig Elisabeth Nordlund (?–?) foi missionária sueca, esposa de Gustav Nordlund. São da sua autoria os seguintes hinos: HC 20, 203 e 325. 
f) Herbert Nordlund (1912–1949) foi um missionário sueco, músico, compositor e pastor nas Assembleias de Deus no Rio Grande do Sul. Filho do missionário Gustav Nordlund, Herbert converteu-se ao evangelho em 1922, em Nova York, quando estava com os seus pais a caminho do Brasil. Foi batizado nas águas em Porto Alegre-RS no ano de 1924 e batizado no Espírito Santo em 1935. Viajou por todo o Rio Grande do Sul pregando o evangelho e casou-se com Ruth Nelson, filha de Otto Nelson, em 1942. Na Harpa Cristã, constam um hino da sua autoria (HC 488) e duas versões (HC 401 e 492). 
g) Ingrid Andersson Fransson (1887–1973) foi uma missionária sueca, esposa de Bertil Fransson. Trabalhou nas Assembleias de Deus no Pará, Ceará, Pernambuco e São Paulo. Na Harpa Cristã, constam como da sua autoria os hinos 287, 368 e 422. 
h) Jahn I. Sörheim (?–?) foi um missionário norueguês que veio ao Brasil enviado pela Missão Sueca entre as Assembleias de Deus em 1924. Músico, maestro e compositor, era oficial do Exército da Salvação¹³ e recebeu o batismo no Espírito Santo na Noruega. Sörheim ajudou Gunnar Vingren na Assembleia de Deus do Rio de Janeiro e, depois, em 1925, foi a Santos-SP para dirigir a Assembleia de Deus pioneira no Estado de São Paulo. Em 1928, foi acometido de uma grave enfermidade e viajou para a Suécia para tratar-se. Em 1930, voltou para Santos-SP e ficou lá até 1932, tendo ido para o Rio de Janeiro a convite de Samuel Nyström. Nesse mesmo período, casou-se com a missionária sueca Anna Lovisa Johansson. Foi o pioneiro na formação de bandas e corais em São Paulo, onde formava músicos, compunha e traduzia hinos. Na Harpa Cristã, constam como da sua autoria os hinos “Gozo em Jesus” (HC 14) e “Teu nome precioso” (HC 327) e de sua versão os hinos: HC 254, 258, 319, 375 e 468. 
i) Joel Carlson (1889–1942) foi um missionário sueco, evangelista, músico, pastor e antigo líder da Assembleia de Deus em Pernambuco, além de ex presidente da CGADB. Em 1917, casou-se com Signe Charlota Hedlund antes mesmo de vir para o Brasil. Ambos chegaram aqui em 1918 e, depois de terem estudado o idioma, foram para Recife-PE, onde substituíram o pioneiro Adriano Nobre. Depois de anos perseverando em uma obra que, aparentemente, não dava resultados, Carlson vivenciou um crescimento ao ponto de, em 1928, inaugurar o templo-sede com capacidade para 1.500 pessoas. Em 1929, é substituído por Nils Kastberg para ir à Suécia e volta em 1931; em 1932, é eleito para presidir a Convenção Geral. Na Harpa Cristã, consta como autor de três hinos (HC 161, 465 e 495) e cinco de sua versão (HC 25, 233, 355, 460 e 485). 
j) Nels Julius Nelson (1894–1963) foi um missionário sueco, evangelista, pastor e antigo líder nacional das Assembleias de Deus. Em 1912, chegava à cidade norte-americana de Minneapolis, Estado de Minnesota. Foi recebido pelo seu tio, que era pentecostal, e ali se tornou membro da Igreja Luterana, apesar das insistências do seu tio e primos para que se tornasse pentecostal. No entanto, certa noite, chegou à sua casa profundamente triste, sem responder os cumprimentos dos seus parentes, e trancou-se no seu quarto. Ele estava possuído por uma profunda convicção do seu estado pecaminoso. Não adiantava pertencer à outra igreja. Era um pecador, e Jesus ainda não habitava no seu coração. Desesperado, levantou-se e acordou o seu tio, pedindo que orasse por ele. Após a leitura bíblica e a oração, Nelson aceitou Jesus como Senhor e Salvador da sua vida. Em 1915, já frequentando uma igreja pentecostal, a Scandinavian Assemblies of God, foi batizado nas águas e, em 1916, foi batizado no Espírito Santo. Já em 1917, foi consagrado pastor dessa denominação. Havendo trabalhado alguns anos na América do Norte, o seu coração encheu-se do desejo de ser testemunha de Cristo em outros países e sentiu que Deus queria-o no Brasil. Diante do chamado do Senhor, o jovem missionário não perdeu tempo. Em 1921, Nelson desembarcou em Belém-PA sem vínculo financeiro com nenhuma denominação estrangeira, apenas com a promessa de ofertas de crentes norte-americanos que se comprometeram em sustentá-lo durante todo o tempo que ele estivesse no Brasil. Em 1924, aceitou o convite para ajudar ao missionário Samuel Nyström em Belém-PA e permaneceu fazendo-o fielmente por longos anos. No fim de 1925, ele já havia organizado o trabalho nas ilhas do arquipélago de Marajó e passado a direção aos obreiros locais, tornando-se livre para atender à obra no extremo Norte e no Nordeste. Em 1927, assumiu interinamente por sete meses a direção da Assembleia de Deus de Porto Alegre-RS, pois o seu líder, o missionário Gustav Nordlund, viajara à Suécia para visitar os seus familiares. Em virtude da transferência do missionário Samuel Nyström para o Rio de Janeiro em 1930, Nels Nelson assumiu a Assembleia de Deus em Belém-PA. Ficou lá por 20 anos e, nesse período, deu prosseguimento às escolas bíblicas de curta duração, as quais trouxeram grandes benefícios aos obreiros em todo o Brasil. Em 1935, casou-se com a brasileira Lídia Rodrigues e, em 1946, foi eleito presidente do Conselho Administrativo da CPAD, onde promoveu o progresso da editora chegando a visitar os Estados Unidos, Finlândia, Noruega e Suécia, pleiteando oferta para a CPAD. Em 1949, presidiu a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, realizada no Rio de Janeiro, e, em 1950, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde pastoreou a Assembleia de Deus em São Cristóvão até 1957. Na Harpa Cristã, consta como da sua autoria o hino “Jesus meu Salvador” (HC 311). 
k) Nils Kastberg (1896–1978) foi um missionário sueco, evangelista e pastor das Assembleias de Deus de Belo Horizonte-MG e Rio de Janeiro-RJ, comentarista de lições bíblicas e escritor. Aos 23 anos, Kastberg recebeu a chamada de Deus e tornou-se evangelista da Missão de Örebro. Impulsionado pelo avivamento pentecostal, trabalhou como missionário na Estônia de 1923 a 1927; nesse período, casou-se com Eufrosyne (em 1924). Após receberem a chamada de Deus para trabalhar no Brasil, por intermédio de uma profecia entregue por Gunnar Vingren, foram enviados pela Igreja Filadélfia de Estocolmo. Em 1928, desembarcou com a sua esposa em Recife-PE, sendo recebidos pelo missionário Joel Carlson. Já em 1929, participou com alguns crentes de uma visita à Assembleia de Deus na Paraíba, que era dirigida pelo pastor Cícero Canuto de Lima. De 1929 a 1931, dirigiu a Assembleia de Deus de Recife-PE durante a ausência de Joel Carlson, que viajara à Suécia. Em 1931, com a transferência de Clímaco Bueno Aza, de Belo Horizonte-MG, para Juiz de Fora-MG, para organizar uma igreja, foi convidado para assumir a sua direção. Em 1932, realizou a primeira Convenção Estadual em Minas Gerais e, em 1933, deixou o pastorado da Assembleia de Deus de Belo Horizonte-MG, sendo substituído por Anders Johansson. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, assumiu em 1934 a Assembleia de Deus de São Cristóvão-RJ. Em 1937, promoveu uma campanha para a construção do templo, pois ainda estavam em salão alugado. O local escolhido foi o Campo de São Cristóvão, no 338. Com o apoio financeiro vindo de todo o país, inaugurou o novo templo em 1938. Nesse mesmo ano, entregou o pastorado a Samuel Nyström para abrir frentes em outras cidades, como, por exemplo, Nova Friburgo-RJ. Kastberg costumava cantar hinos em ritmo acelerado para divergir da monotonia das canções entoadas em outras igrejas da época. Ele foi secretário da assembleia geral da CGADB em 1932 e vice-presidente em 1935. Deixou o Brasil em 1938 para trabalhar na Argentina. Foi um grande incentivador da literatura e da imprensa nas Assembleias de Deus. Trabalhou como redator do Mensageiro da Paz no período de 1932 a 1939. Foi ele quem convidou Emílio Conde para dedicar-se em tempo integral ao jornal e, assim, tornou-se o primeiro jornalista da CPAD. Na Harpa Cristã, constam dois dos seus hinos compostos em parceria com Emílio Conde, a saber, “As cordas do coração” (HC 342) e “Vasos transbordantes” (HC 486). 
l) Otto Nelson (1891–1982) foi um missionário sueco, evangelista, pastor, antigo líder da Assembleia de Deus em Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro e ex-presidente da CGADB. Em 1910, imigrou para os Estados Unidos por razões de trabalho, passou pela Inglaterra e depois chegou a Boston-EUA. Decidiu-se para Cristo e recebeu o batismo no Espírito Santo nessa mesma época. Conheceu a sueca Adina Petterson, que imigrara para os EUA em 1907, e casaram-se em 1912. Tendo frequentado uma igreja pentecostal em Chicago em 1914, Otto Nelson foi orientado por Deus para vir ao Brasil e chegou a Belém PA naquele mesmo ano. Em 1915, foi com a família para Maceió-AL a bordo de um navio do Lloyde Brasileiro. Quando chegou, havia apenas seis pessoas que tinham recebido a mensagem pentecostal na cidade. Depois de muitas adversidades, inaugurou em 1922 o terceiro templo da Assembleia de Deus no Brasil e o maior da denominação na época. A sua inauguração repercutiu em todo o Nordeste e atraiu para Maceió crentes de vários Estados. Em 1923, realizou a primeira Convenção em Alagoas com a presença de irmãos e líderes de todo o país. Já em 1924, quando toda a capital alagoana foi castigada por uma tremenda inundação que arrasou e arrastou na correnteza casas, pessoas, animais e móveis, Otto Nelson abriu as suas portas para abrigar os crentes que perderam as suas casas. Em 1930, entregou o pastorado ao missionário Algot Svenson e viajou para a Bahia, onde o início foi bem difícil, mas Deus prosperou a obra, e a igreja cresceu. Em duas semanas na localidade de Valente, no município de Coité-BA, mais de vinte pessoas aceitaram a Cristo. Treze pessoas foram batizadas nas águas, e foi aberta ali uma congregação. Em 1932, chegou a Aracaju-SE e inaugurou a nova igreja, que ficou filiada à Assembleia de Deus de Salvador-BA até 1949, quando ganhou autonomia. Em 1936, a igreja já estava em condições de promover a sua primeira convenção estadual. Esse fato foi muito significativo e atestou o progresso do evangelho na Bahia. Na ocasião, deixou o pastorado para viajar à Suécia. Quem assumiu o seu lugar foi o pastor Aldor Pettersson. Em 1938, viajou para Flores, em Buenos Aires-ARG, onde assumiu uma igreja. Em 1945, assumiu o pastorado da Assembleia de Deus de São Cristóvão-RJ, sendo substituído em 1947 pelo missionário Nels Nelson. Tempos depois, foi a Montevidéu, Uruguai dar continuidade à obra de Deus naquela cidade. Foi nesse último país que Otto Nelson dedicou boa parte do seu labor no fim da sua carreira missionária. Na Harpa Cristã, constam da sua autoria o hino “O Senhor da ceifa chama” (HC 127) e da sua versão os hinos: HC 21, 94, 344, 419 e 424. 
m) Samuel Nyström (1891–1960) foi um missionário sueco, evangelista, pastor, escritor, pioneiro das Assembleias de Deus do Pará, Amazonas, Acre, São Paulo e Rio de Janeiro e ex-presidente da CGADB. Nyström foi o primeiro missionário enviado pela Junta Missionária fundada pela Igreja Filadélfia de Estocolmo pastoreada por Lewi Pethrus. Ao ouvir Daniel Berg falando sobre o trabalho missionário no Brasil durante uma pregação na Igreja Filadélfia, sentiu a chamada missionária para trabalhar no Brasil. Em 1914, estudou na escola bíblica da Missão de Örebro, de John Ongman, na cidade de Örebro. Provavelmente, seria enviado ao campo por meio da Junta Missionária da Missão de Örebro. Ongman anunciou aos jovens da Igreja Filadélfia de Estocolmo que eram os seus alunos e que não podiam enviá-los por pertencerem àquela igreja, expulsa da União Batista no ano anterior. Então, a Igreja Filadélfia resolveu organizar um campo de trabalho para eles e dar-lhes uma ajuda, dentro das suas possibilidades. Nyström conheceu Karolina Josefina Berggren (que ficou conhecida como Lina Nyström) e apaixonou-se imediatamente por ela. Apesar da diferença de idade (quatro anos), logo começaram a namorar e ficaram noivos. Em 1916, casaram se na Igreja Filadélfia de Estocolmo e foram separados para o trabalho missionário no Brasil. Chegaram ao Brasil e encontraram cerca de setenta crentes no Estado do Pará e duzentos em todo o Brasil. Depois de aprenderem o idioma, começaram a trabalhar ativamente na evangelização. No período de 1917 a 1921, Samuel Nyström trabalhou intensamente na região amazônica. Em 1922, na primeira escola bíblica da Assembleia de Deus em Belém-PA, ministrou os estudos bíblicos. Depois de seis anos de trabalho missionário, Samuel e Lina Nyström retornaram à Suécia em 1922 e chegaram pela segunda vez ao Brasil em 1923. Em 1924, com a partida de Gunnar Vingren para o Rio de Janeiro, assumiu o pastorado da Assembleia de Deus em Belém-PA. Em 1926, inaugurou o primeiro templo da Assembleia de Deus em Belém-PA na presença de 1.200 pessoas. Em 1927, deu início ao movimento beneficente em favor das viúvas de pastores. Em 1930, despediu-se de Belém-PA em direção a São Paulo. Em 1932, substituiu Gunnar Vingren na direção da igreja no Rio de Janeiro. Em 1933, foi realizada na Assembleia de Deus de São Cristóvão-RJ a 4ª Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, sob a presidência do missionário Samuel Nyström. Em 1934, precisou retornar à Suécia. O pastor Nils Kastberg assumiu o seu lugar. Nyström trabalhou como missionário em Portugal a partir de 1935. Depois, em 1938, voltou ao Brasil, reassumindo o pastorado da Assembleia de Deus de São Cristóvão-RJ. O ano de 1943 ficaria para sempre lembrado como o ano da evangelização e do ensino bíblico. De março a maio daquele ano, a igreja distinguiu-se pelas intensas atividades evangelísticas, que aumentaram de forma patente o número de membros da igreja. Quanto ao ensino, a Escola Bíblica daquele ano foi considerada uma das mais expressivas de todas tanto pela qualidade quanto pela eficiência da instrução. Em 1944, a Assembleia de Deus do Rio de Janeiro completava 20 anos de existência. Liderada pelo pastor Samuel Nyström, a igreja realizou um dos acontecimentos mais notáveis da sua história. Todos os membros foram mobilizados, e, em uma hora, foram distribuídos na capital cerca de 200 mil folhetos e igual quantidade de evangelhos. Em 1945, Otto Nelson assumiu o pastorado da Assembleia de Deus do Rio de Janeiro, pois Nyström precisou viajar mais uma vez. Assumiu o importante cargo de secretário de missões da Missão Sueca, responsável por mais de 600 missionários e uma estação de rádio em Tanger, capital do Marrocos (norte da África), que transmitia o evangelho em vários idiomas. Durante a Convenção Geral realizada em Recife em 1946, visitou, em caráter particular, algumas igrejas nos Estados Unidos para arrecadar a primeira oferta substanciosa para a instalação das oficinas da CPAD. Pouco tempo depois, já no país, foi eleito presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil de 1948 a 1949. Durante os 30 anos de atividades no Brasil, Nyström trabalhou como um verdadeiro apóstolo, ajudando a lançar e consolidar os fundamentos doutrinários das Assembleias de Deus no Brasil. Ele exercia grande liderança espiritual e eclesiástica entre os missionários e os pastores nacionais. A sua atuação estendeu-se do Norte ao Sudeste do Brasil, fortalecendo igrejas, ministrando estudos bíblicos e ensinando em escolas bíblicas, organizando setores, sabiamente orientando importantes assuntos das Assembleias de Deus em todo o país. Nyström esteve à frente da CGADB por nove gestões (1933, 1934, 1936, 1938, 1939, 1941, 1943, 1946 e 1948). Além de poliglota (falava, além do sueco, a sua língua materna, inglês, francês, alemão, espanhol e português e tinha significativo conhecimento de hebraico e grego), era profundo conhecedor da Bíblia; por isso, ele era constantemente chamado para ministrar estudos bíblicos em muitas igrejas. Na Harpa Cristã, constam como sendo da sua autoria os hinos 13, 87, 290 e 494 e da sua versão os hinos 82, 83, 92, 167, 222, 288, 293, 332, 416, 454, 456, 459 e 511. 
n) Simon Lundgren (1898–1990) foi um missionário sueco, evangelista, pastor e pioneiro das Assembleias de Deus em São Paulo e Paraná. Converteu-se ao evangelho aos 18 anos e foi batizado no Espírito Santo uma semana depois, sendo batizado nas águas em 1917. Em 1921, casou-se com Linnea Leontina Lundgren. Chegou ao Brasil em 1924 para atuar ao lado de Otto Nelson na cidade de Maceió-AL. Em 1925, foi auxiliar de Joel Carlson em Pernambuco e, no ano seguinte, organizou com um grupo de 12 membros a Assembleia de Deus em Santos-SP, onde ficou até 1930. Viajou com a família para a Suécia, onde esteve até 1933. De volta ao Brasil, permaneceu durante um ano pela Assembleia de Deus em São Cristóvão-RJ, onde substituiria Samuel Nyströn nas suas constantes viagens pelo país. Em 1934, retorna para São Paulo, mas desta vez para a capital, onde cooperou eficazmente com a evangelização do bairro Ipiranga. Até 1938, pastoreou a Assembleia de Deus em São Paulo e viu o crescimento das igrejas de Jundiaí, Campinas, Nova Odessa, Rio Claro, São Carlos e Marília. Em 1942, assume a Assembleia de Deus em Curitiba-PR e ali prossegue o trabalho de evangelização do interior paranaense. Ainda na igreja curitibana, o missionário organizou uma banda de música maior, desenvolveu corais de adultos e jovens, e, devido ao crescimento da igreja, um novo templo foi inaugurado em 1948. Em 1955, Lundgren passou a liderança para o pastor Bruno Skolimowski. Jubilado em 1963, dedicou-se ao ministério do ensino da Palavra por todo o Brasil. Na Harpa Cristã, consta como da sua versão o hino “Despertar para o trabalho” (HC 16). 
o) Tora Hedlund (?–1988) foi uma missionária sueca, esposa de Samuel Hedlund. Ambos vieram para o Brasil em 1921 desembarcando em Belém-PA. Em 1921, transferiram-se para Recife-PE e deram grande apoio a Joel e Signe Carlson (Signe era irmã de Samuel Hedlund). Tendo passado um tempo na Suécia, foram para Niterói-RJ e depois para São Paulo. Na Harpa Cristã, consta como da sua autoria o hino “O lar da glória” (HC 197).

FERREIRA, Roberto. (Ed.). Teologia Pentecostal da Harpa Cristã – A Contribuição do Hinário na Formação da Doutrina Pentecostal em Nosso País. Rio de Janeiro: CPAD, Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2022

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